sábado, 20 de maio de 2023

Registro 041

14/10/22

Sempre me senti e me entendi como uma pessoa confusa. Aos sete, quando comecei a pensar sobre meus pensamentos (o que só se agravou com o tempo) e a sofrer e eventualmente me divertir com eles… como se fossem minhas únicas reais companhias… eu me odiei profundamente. Aos treze, de uma das últimas fileiras do imenso teatro, vi de longe o tamanho da cidade (que estava no país e no planeta) e das pessoas (que viviam outras vidas) quando vi o mundo brilhante descortinado ao fundo do palco - e foi encantador. Agora, prestes a fazer trinta anos, às 22:22 de 2022 (por coincidência ou não), entendi que não me odeio, só não me escapo, e o mundo não é encantador, só distante. Minha infância atua mais em dias úteis, bondosa, obediente e birrenta, e nas sextas-feiras (frequentemente também aos sábados) minha adolescência entra em cena implorando atenção. Reuni todas nós para escrevermos juntas essas linhas e assim pensarmos em voz alta o que fazer dos dias, dos próximos anos ou minutos. Em tópicos o decidido foi: jantar, água e cama.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Páginas