sábado, 20 de maio de 2023

Registro 029

18/07/22

Sobre a prudência


Mais forte que o poder do hábito, só o controle das ações, uma a uma, hora a hora, dia a dia. Aprendi com o pai - da ciência. Com meu pai também aprendi verdades, ele com precisão certa vez me disse que cada um escolhe seus mestres e que devemos escolhê-los com sabedoria; é comum demorar mais tempo para entender a segunda parte do raciocínio, eu mesma só entendi depois de compreender a ética aristotélica. E essa reflexão me fez lembrar o que me trouxe até aqui: um barco. Aos 18 enquanto andava na praia, longe de casa, encontrei uns malucos se arrumando para partir num veleiro, eufóricos falando de um tal ilha gigante que se chamava Humanidade e não constava em nenhum mapa - parti com eles; eram uns malucos de fato, não estava em nenhum mapa porque não havia mesmo nenhuma Humanidade, quanto mais gigante. Depois de sei lá quantos anos singrando em alto mar o máximo que encontramos foi uma pequena ilha que nomeamos arbitrariamente de Consciência e da qual nunca partimos. Filosofia, a embarcação, outrora mundo agora nada, foi desmanchada e suas partes hoje estruturam as cabanas que compõem a nossa vila carinhosamente apelidada de Perdida. Na vila Perdida da Consciência, desesperançados, só nos resta cultivar as virtudes. Quando se vive numa ilha não há muito mais o que fazer além de arar as ideias, plantar planos possíveis e regá-los com muita paciência.


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