sexta-feira, 30 de julho de 2021

Sobre verdades imorais

Como já disse noutros contextos, a filosofia me tirou quase tudo (foi um casamento infeliz). Uma das coisas que ela levou foi o meu amor romântico e monogâmico. A filosofia é uma demônia, mas uma demônia justa que te leva coisas e deixa outras no lugar, coisas que ela julga melhores do que aquelas que afana - é uma intrometida imoral, ladra de razões, de certezas… No lugar do amor romântico e monogâmico, que eu expunha na sala, ela me deixou o amor livre - que escondo no quarto.

No quarto de Pedro, na música que fizemos, na fotografia, quem quiser ver que veja. Está na minha cara. Ao chegar em casa olho no espelho os pontos vermelhos nas pontas do meu nariz e queixo - o rubor próprio do dionisíaco! É tudo pela arte, pela vida, pelo amor.

É o que Pedro e Dedé precisam entender. Dedé cuida de mim, Pedro canta para me tocar e toca para me cantar…Dedé é minha pessoa (mesmo que não aceite), e Pedro poderia ser também (se aceitasse). Como sempre, estou cheia de amores e sozinha. Estamos todos… cheios de amor e sozinhos, somos muito humanos, somos artistas.

Sussurrando sensualmente, ao pé do ouvido da humanidade, verdades imorais - a arte, a vida e o amor.


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