quinta-feira, 22 de julho de 2021

Sobre ser só

O amor e o ódio que sinto se alimentam da mesma razão: ele não me quer. E dizem mesmo, sei lá quem disse, que o contrário do amor é a indiferença. Sei bem o que sinto, mesmo que sejam contraditórios os meus sentimentos, sei de todos eles. Agora, o que ele quer? Isso não sei e nunca soube. Quer que eu desapareça? Que eu me declare? Já desapareci, já me declarei, muitas vezes. Dedé me gosta, mas não me quer.

Sinto-me só no mundo que inventei, tenho muitos humanos e (não raro) nenhum. Mesmo com Dedé ao lado, não tenho ninguém, estou sozinha me afogando em saudade, tesão e esperanças infantis. Dedé é tão adulto, tão limpo, tão certo… e eu… eu sou como que desde os quinze uma adolescente suja e torta, mesmo que agora eu tenha trinta. Dedé vai me abandonar de vez um dia… e então serei verdadeiramente só, não só em teoria, mas na prática, não só no meu mundo, mas no de todos, só de tudo.


Por quanto tempo serei capaz de sustentar essa coisa de amar muitos de uma vez? não sei viver livremente, quanto mais amar. Sou toda grade, cadeia e cela, disfarçada de uma boa ideia.


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