terça-feira, 20 de julho de 2021

Sobre literatos

Quero um livro seu, um livro de contos e desenhos. Gostaria de lê-lo e vê-lo antes de dormir porque gosto daquela porra toda escorrendo entre as letras, da desordem figurada e literal, do seu pau. O que ele escreveria depois de ver com os próprios olhos a baba lenta e transparente que pode pingar de mim? Não é regra, mas pode acontecer. Ocorre quando estou apaixonada (o que é raríssimo) ou transo com literatos e pensadores (o que é recorrente). O que ele faria se, num momento trivial da vida (enquanto filosofa, por exemplo, com as tábuas do teto ou com os tacos do chão), descobrisse-se apaixonado? A arte faz as vezes do espelho que falta aos que racionalizam a sensibilidade e as vezes do encontro impossível dos que se amam a distância - que bom.

Quero um livro seu sobre mim, porque sou carente demais e não me enxergo. Quero uma xilogravura imensa, meus peitos no hall de entrada - para as visitas. Quero o artista sobre mim em texto e textura, prosa e peso.


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