Escrevi um texto quando entrei na faculdade, registrei
em algumas linhas a meninice que vivia. Ontem me formei, acho que o fato merece
umas letras...
O plano era colar grau na sala do diretor, cerimônia
simples, umas palavras bonitas e uns juramentos estranhos. Mas as
circunstâncias são como as bibliotecas, sempre há algo escondido. A família da
minha melhor amiga me presenteou com a oportunidade de participar da formatura.
O capelo virou realidade, a cerimônia estava linda, a atmosfera cheirava a alívio,
um mar de cumprimentos e sorrisos. Planejei não chorar, mas durante a entrega
dos canudos, uma moça levantou o tubo vermelho e gritou “É para você mãe! ”,
chorei...
Chamaram meu nome, caminhei feliz e emocionada em
direção à grande mesa, o diretor disse alguma coisa enquanto colocava em mim um
chapeuzinho verde cheio de franjinhas; meu paraninfo, vice-diretor, me deu o
canudo e me disse palavras gentis enquanto me dava um abraço; pose para as
fotos. Aí apareceu meu amigo... Marcus me abraçou e eu senti sair das minhas
costas um peso enorme, chorei...
Fim de cerimônia, uma aluna se levantou e humanizou o
ritual. Luana me fez chorar de novo... falou por todos nós. Eu senti falta da
minha família, vivemos um caso de amor à distância; eu não vejo meus pais há
mais de quatro anos. Como é doloroso o desenvolvimento, deixar aquilo que nos
envolve. Crescer é um tipo de abandono. Cerimônia encerrada, todos se levantam
e começa uma sessão infindável de abraços e fotos. Luciana veio me parabenizar,
Luciana é mãe da minha melhor amiga, me abraçou como se eu fosse sua filha,
como se fosse minha mãe, e eu chorei, chorei muito, solucei. Ela entendeu
perfeitamente o tamanho do meu vazio...
Tenho ao meu lado pessoas maravilhosas, a vida foi boa
comigo até agora e eu sou muito grata por isso. Contudo, se enraíza em mim uma
solidão, um silêncio maciço. Ser sozinho é não ter onde sentar dentro de si. Me
encontro mais fora de mim...
Estou em Marília desde 2011, não sei dizer quantas
vezes me senti perdida, frágil e incapaz. De mãos dadas com o tempo, a vida
parece não se preocupar. É como se fossemos flores de pântano, como se da lama
nos alimentássemos. Cada desgraça um passo, cada conquista também.
Me formei em confusão psicológica e agora estou
fazendo uma Pós em lacunas existenciais... A filosofia tem um gosto oscilante,
como aqueles que sentimos pelo cheiro. Como quando tomamos chá ou respiramos
fundo em dias chuvosos, a filosofia tem gosto de cheiro, é isso. É beleza de
fresta, fissura, é distância. É o cheiro do vazio, do fundo. Última gota no
fundo do copo.
Chorei! Só isso!
ResponderExcluirEu quis abraçar você!
ResponderExcluirAiai vó... eu também quero te abraçar =) Sinto muito a falta de vocês todos, lembro com muito carinho de tudo que vivemos juntas =)
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