- A princípio bastava o quarto, depois a praça, depois mais nada. Ele me deixou - que audácia!
- Celine… Nada é audacioso. Ele só não te quis, não te quer… você mesma diz que isso é normal, cansar das pessoas. Comê-las, escrevê-las e esquecê-las… Nosso trio acabou, normal, sigamos.
- Sim, normal. É triste e normal, como quase tudo nessa existência de merda.
- Amarga! Brincar de ser má dá nisso.
- Eu não brinco, eu sou. Ser egoísta não é ser mau?
- Todos temos nossos monstros, a questão é identificá-los e definir quem controla quem. Você não controla seus monstros, é simples. E pior, você gosta de ser controlada por eles.
- Então eu sou má.
- Você brinca de ser má.
- Brincar de alguma coisa verdadeira não é o que importa? Mas que merda, Sara! Que merda… Não sei o que fazer…Penso em me mudar para um lugar qualquer, uma cidade que queira ser outra coisa, como eu (que gostaria de ser uma pessoa, mas sou outra coisa), Itaquaquecetuba!
- Você é muito esquisita às vezes…
- Na maior parte do tempo na verdade. Mas não é bom, não é agradável, não é agradável estar insatisfeita o tempo todo, é cansativo.
- Mas somos o que somos…E somos parecidas até.
- Somos parecidas sim. Somos quase a mesma pessoa.
- Você é uma falsa! Você repete isso pro Beto o tempo inteiro, tanto quanto fala que sou seu oposto. Eu sou verdadeira em tudo que eu digo, eu sou uma só pessoa.
- Você é chata, Sara. Mas eu amo você mesmo assim, sempre amei, você é linda...
- Você é falsa e safada, Celine.
- Eu sei, todos sabem. E ser falso e safado é mau, mas é normal também. Ser mau é a norma que rege a maioria dos estatutos…
- Eu não sou a maioria das pessoas… você também não é.
- Eu sou como todo mundo, ele mesmo disse…
- Esqueça, amiga… esqueça.
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