Hoje é dia de escrever. É necessário estar em paz pra
escrever bem.
2013 não foi um ano fácil. Descobri muitas coisas sobre mim,
sobre os outros e sobre a vida; e a vida ainda me parece mais importante.
Ser adulto é por muitas vezes engavetar os sonhos, e eu
fiquei triste em saber disso. Entristeci-me também em descobrir que não é
possível doar-me a qualquer um. Descobri amargura nos humanos, muita culpa,
violência e medo... Eu desaprendi a respirar; meu estomago aprendeu a dar nó em
si mesmo; meu cérebro se acostumou a doer do lado esquerdo, logo acima da nuca.
Simplesmente, o mundo de bondade em que eu vivia se desfez, e eu descobri um
novo. Um mundo que tenta sobreviver apenas. Todas as espécies lutando entre si
por mais um pouco de ar, de terra e água. E essa tal felicidade que todos amam,
não é o sentido da vida.
Felicidade não tem
utilidade, o sentido da vida é sua razão de ser, e ninguém é útil só por ser
feliz. A vida trabalha em função de si
mesma, é divina. Ser a razão da própria existência é ideia precisa e grande
demais para caber em nosso torto e pequeno intelecto.
Durante esse ano que passou pensei muito sobre a razão da
minha vida, e a única coisa que concluí foi que é melhor eu trabalhar enquanto
penso.
Tudo que é bom e útil é com trabalho que se consegue. Tudo
que é divino e digno é de graça, tal como o Espaço, a Beleza, até mesmo a
Felicidade... E é por essas coisas, que
não sou triste. A tristeza às vezes me empurra, mas nem sempre caio. Quando se
é forte, não se cai, as grandes árvores ensinam isso, elas resistem a tudo,
menos à serra elétrica, e isso também é um ensinamento: o Homem tem um grande
poder.
Tudo que o Homem inventa e valida a partir de um preço, não
é digno, não é divino, não alimenta, não o torna mais forte. Nossas válidas
invenções são aquelas que reproduzem de alguma forma algum traço divino e que nunca
terão um valor comercial, como a vigésima sexta sonata de Beethoven, o grito de Edvard Munch, o sorriso de Mona lisa... A caixa de madeira que
ganhei do meu pai, o cobertor de lã azul que Thiago aperta quando se lembra do
filho... São invenções, são objetos, são compráveis, porém, quanto custam? A Musica
não vale nem um nem um milhão de reais; nem a caixinha de madeira e nem o
cobertor azul valem algum dinheiro, seus valores estão somente no coração de
quem os ama. Alguns valores só são percebidos pelo coração. E são destes
valores que um ser humano forte se alimenta, Beleza, mistério, amor, saudade...
E eu espero que 2014 seja um ano de plantio, e colheita.
E assim, esses valores são percebidos de forma diferente por cada coração...
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